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Confissões de um Espião
Depoimento do chefe da
espionagem da Telecom Italia à Justiça revela como a empresa se aproximou
da Polícia Federal e da Abin na maior disputa empresarial do País, em
busca do comando da Brasil Telecom
Por Leonardo Attuch
Demarco
ainda teria dito a Jannone que o então diretor da Polícia
Federal, Paulo Lacerda, vinha bloqueando as investigações
sobre o caso Kroll e que Mauro Marcelo dirigia uma Ferrari,
comprada do detetive Eloy Lacerda. Em seguida, Jannone relatou
aos procuradores de Milão que o encontro com Mauro Marcelo
e Robson Tuma foi amigável. Segundo o depoimento, “Tuminha”
lhe disse que mantinha boas relações com Paolo Dal Pino,
presidente da Telecom Italia, e relatou o compromisso da
empresa italiana de fazer um call-center no seu reduto eleitoral.
Mauro Marcelo, por sua vez, mostrou a Jannone o projeto
de uma cidade cenográfica, onde policiais e agentes da Abin
seriam treinados, que custaria R$ 15 milhões e poderia receber
uma cota de “patrocínio” da Telecom Italia. |
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DANIEL DANTAS: empresário foi alvo de ações da PF
entre 2004 e 2006 |
Procurado
pela reportagem, Mauro Marcelo negou que tivesse uma Ferrari,
confirmou o pedido de apoio feito à TIM e admitiu que
fazia palestras comercializadas pelo detetive Lacerda.
“Mas não recebi nada deles”, disse à DINHEIRO.
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Os
contatos do espião italiano com Mauro Marcelo não se restringiram
àquele encontro de 2005, de acordo com o depoimento prestado
à Procuradoria de Milão. Tempos depois, o ex-chefe da Abin
lhe telefonou na véspera de uma reunião que ele teria com
o detetive Eloy Lacerda. De acordo com o depoimento, Marcelo
lhe pediu que se “comportasse bem” diante do amigo. Quando
Eloy Lacerda procurou Jannone, um dia depois, a conversa
teria sido tensa. Jannone disse ao detetive que não gostava
de ser “pressionado” e insinuou até que poderia denunciar
tanto ele quanto Mauro Marcelo. Ainda segundo o depoimento,
Eloy Lacerda avisou que tentaria resolver a história diretamente
na Itália. Em seguida, Jannone procurou um amigo no Brasil,
o jornalista Pedro Rogério Moreira, e fez um desabafo, dizendo-se
preocupado com o risco de fazer um “acordo de corrupção”
com Mauro Marcelo. Pedro Rogério, muito conhecido em Brasília,
foi contratado pela Telecom Italia por US$ 10 mil mensais
e encomendou alguns trabalhos ao amigo Alexandre Paes dos
Santos, um lobista conhecido em Brasília como APS. “Eu fazia
apenas relatórios de conjuntura legislativa, política e
econômica”, disse APS à DINHEIRO. Pedro Rogério, por sua
vez, confirmou a existência do contrato com a Telecom Italia,
que durou dois anos. “Eu fazia uma análise crítica das notícias
que saíam na mídia.”
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Quanto
ao “desabafo” de Jannone sobre as pressões da Abin, ele
diz não se recordar com precisão. “Ele vivia angustiado,
pode ter feito algum desabafo, mas não me lembro de nomes
que ele tenha citado”, disse à DINHEIRO.
No
seu depoimento à Procuradoria de Milão, Jannone revelou
ainda os atritos que teve com Luís Demarco e Marcelo Elias
quando os pagamentos da dupla começaram a atrasar. Num dos
trechos, ele disse que Demarco chegou a telefonar várias
vezes para Giorgio della Seta, ex-presidente da Pirelli,
cobrando sua parte. Em outro, disse que foi agredido verbalmente
por Elias no Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro,
em 2005. Elias teria dito que “Demarco era estranho, mas
não criava problemas”. Jannone retrucou dizendo que ninguém
foi pago para “criar ou deixar de criar problemas”. Em relação
aos pagamentos, Elias já admitiu à Folha de S. Paulo que
prestou uma consultoria à Telecom Italia, mas disse que
o valor foi de US$ 250 mil. |
TARSO
GENRO: depois de ir à Itália, ele decidiu trocar o comando
da PF
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Documentos
secretos da Justiça italiana, como o depoimento de Jannone,
também ajudam a entender a troca recente de todo o comando
na Polícia Federal. Em dezembro de 2006, quando já sabia
que seria nomeado ministro da Justiça, Tarso Genro fez uma
viagem sigilosa à Itália com uma missão específica: recolher
informações sobre as investigações referentes à Telecom
Italia e avaliar os possíveis impactos no Brasil. Genro
teve acesso a vários documentos e, logo que assumiu o Ministério,
em março deste ano, tentou substituir Paulo Lacerda por
um nome de sua confiança. O ministro, porém, adiou a decisão
em várias ocasiões em função de conflitos internos na PF.
Foi só há duas semanas que ele conseguiu emplacar Luiz Fernando
Corrêa no cargo. |
Em contrapartida, porém, Lacerda foi para a Abin e Romeu Tuma Júnior foi nomeado secretário Nacional de Justiça. Depois dessa troca de cadeiras, há hoje um claro antagonismo entre o novo comando da Polícia Federal e a ala do governo que permanece ligada à família Tuma. É uma nova guerra, que se trava nos bastidores do poder, e que ainda pode causar muita confusão. |
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ou um cérebro, Watson. O restante de
mim é um mero apêndice”
Sherlock Holmes
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