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                            Agência 
                            enviou a Lula projeto de MP no qual seria responsável 
                            por regulamentar a atividade de companhias privadas 
                            - 29/10/2004 
 No momento em que a Kroll, principal empresa do setor, 
                            é investigada pela PF, a Abin (Agência 
                            Brasileira de Inteligência) encaminhou ao presidente 
                            Luiz Inácio Lula da Silva uma proposta de medida 
                            provisória dando poderes à agência 
                            de fiscalizar e autorizar o funcionamento de empresas 
                            de investigação privada. A regra valeria 
                            até mesmo para agências de detetives. 
                            O texto também prevê acesso da Abin aos 
                            equipamentos e técnicas utilizados pelas empresa. 
                            A proposta ainda está sendo discutida no Planalto, 
                            mas, segundo apurou a Folha, possui a simpatia do 
                            ministro José Dirceu (Casa Civil) e do próprio 
                            Lula. O texto do projeto, ao qual a reportagem teve 
                            acesso, estabelece que para funcionar as empresas 
                            de "coleta ou busca de informações sigilosas" 
                            precisam ter "parecer favorável" da Abin. A 
                            proposta inclui entre os alvos da fiscalização 
                            ações em proveito de inteligência 
                            competitiva. A Kroll Associates está sob investigação 
                            da Polícia Federal por suspeita de ter espionado 
                            membros do governo de alto escalão. No texto 
                            elaborado pela Abin, ficam impedidas de operar empresas 
                            de investigação de propriedade ou administradas 
                            por estrangeiros. Todos os funcionários não 
                            poderão ter antecedentes criminais.Os 
                            agentes precisam ter no mínimo 21 anos, quarta 
                            série do Ensino Fundamental e aprovação 
                            em um curso reconhecido pela Abin. Todos os funcionários 
                            precisam de carteira assinada e profissão reconhecida. 
                            Se aprovada, as agências de investigação 
                            terão 180 dias para se adaptarem às 
                            normas. Mesmo aprovando a iniciativa, o investigador 
                            particular Edilmar Lima, da Central Única dos 
                            Detetives do Brasil, criticou a atribuição 
                            à Abin da fiscalização do setor. 
                            Segundo ele, não será possível 
                            saber se o pessoal da agência manterá 
                            sigilo sobre as técnicas e métodos adotados. 
                            "[As empresas] passarão a ser agências 
                            não particulares, mas sim governamentais. Pode-se 
                            dizer que a Abin será usada como aparelho repressor 
                            contra a liberdade de trabalho, ferindo assim, a constituição 
                            que é a carta magna." Para Eduardo Maia, dono 
                            da Consultoria de Informação Particular 
                            em São Paulo, o trunfo do projeto é 
                            regularizar o mercado, expulsando profissionais inescrupulosos. 
                            "O que vem para moralizar é bem-vindo. Vai 
                            eliminar um monte de picaretas. Acho excelente. Quem 
                            trabalha direitinho não vai temer esse tipo 
                            de coisa." Inteligência corporativa Especialista 
                            há 23 anos em inteligência e contra-inteligência, 
                            tendo treinado policiais, militares, diplomatas e 
                            autoridades do governo sobre proteção 
                            ao conhecimento, Ferrarez Maila avalia que o projeto 
                            poderia ter ido mais fundo na exigência de formação 
                            profissional dos agentes. "É preciso possuir 
                            curso superior, pois para a atividade é necessário 
                            um conhecimento cultural adequado. Somente dessa forma 
                            se estará formando profissionais de inteligência 
                            e não simplesmente investigadores", disse. 
                            Diretor-geral da Serpi em São Paulo, Maila 
                            defende que o governo crie programas específicos 
                            para que empresários aprendam a proteger informações 
                            estratégicas. Dessa forma, a busca por empresas 
                            de inteligência corporativa já diminuiria. 
                            "O que talvez seria interessante salientar é 
                            que as necessidades do setor privado na obtenção 
                            de dados diferem, em alguns pontos, das do governo. 
                            Suas diretrizes são outras, seu foco é 
                            outro."
 
 REPORTER - IURI DANTAS DA SUCURSAL 
                            DE BRASÍLIA - Folha de São Paulo.
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