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O mais famoso detetive da literatura policial
faz sucesso há 120 anos - e há quem acredite que ele
não foi um personagem de ficção, mas um homem
de verdade Quando Um estudo em escarlate , a primeira história policial de Sherlock Holmes, foi publicado em 1887 pela revista britânica Strand, o seu autor, o escritor inglês Arthur Conan Doyle (1859-1930), passou a receber cartas de pessoas interessadas em contratar os serviços desse incrível detetive. O realismo das tramas nas quais os mistérios eram solucionados com método científico e dedutivo reforçou a idéia de que somente um investigador profissional seria capaz de escrevê-las. Com o sucesso de outras novelas de Conan Doyle, a confusão entre autor e personagem se desfez, mas a fama e repercussão de Holmes não mais parou de crescer é como se tivesse ganho vida própria e, assim, a criatura tornou-se mais popular que o seu criador. Eis a prova em números: 120 anos após a sua estréia na literatura, uma pesquisa feita recentemente em Londres revelou que 56% dos entrevistados acreditam que o detetive Holmes foi um importante investigador criminal que existiu de verdade e não somente uma personagem inventada. A maioria dos entrevistados disse ainda que ele circulava à noite pelas enevoadas ruas londrinas e morava na Baker Street - a rua que de fato Conan Doyle lhe deu como domicílio na ficção. Para se ter idéia do carisma de Holmes, essa mesma pesquisa constatou que, para muitos britânicos, estadistas como Winston Churchill é que não foram gente carne e osso.
Em 1893, Conan Doyle decidiu "matá-lo" e o fez no livro O problema final . Na história, o detetive morre num embate com o seu arquiinimigo, professor Moriarty. A reação do público foi imediata, promoveram-se até cortejos fúnebres pelas ruas de Londres. Não, Holmes não podia morrer. Conan Doyle resistiu por dez anos até que cedeu às pressões e o ressuscitou em 1903 em A casa vazia. Sentiu então um gostinho de vingança: deu ao seu personagem traços, ainda que leves, de ceticismo e rancor. O autor não se cansava de repetir que achava o seu personagem "arrogante", e aí veio nova vingança: ele inventou que Holmes era um consumidor compulsivo de cocaína, droga legal na Inglaterra daquela época. O vício foi preservado em poucas edições e, depois, suprimido. Houve ainda um terceiro ataque ao personagem: Conan Doyle criou, a sua imagem e semelhança, um auxiliar para o detetive que é tão inteligente e perspicaz como ele próprio. Trata-se do famoso John Watson. E fezse a célebre frase: "Elementar, meu caro Watson." Detalhe curioso é que em nenhuma das cerca de 70 histórias criadas por Conan Doyle se encontra essa frase - ela só existe nos seriados de tevê e no cinema.
As obras completas com as histórias
do detetive, agora, estão sendo publicadas pela Zahar Editora,
em seis capítulos, com mais de 360 notas e cerca de 100 ilustrações
da época (muitas publicadas na revista inglesa Strand ).
Sherlock Holmes é hoje um dos grandes personagens da literatura
mundial. Assim o define o escritor Otto Maria Carpeaux em História
da literatura ocidental : "Os seus contos policiais são narrados
com o melhor humor inglês e eternizam um ambiente: a Londres
elegante dos tempos de Oscar Wilde - teatro de crimes trágicos
ou tragicômicos. Doyle criou um personagem de imortalidade
tão segura como Don Juan ou Don Quixote".
“Sou um cérebro, Watson. O restante de mim é um mero apêndice” Sherlock Holmes
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